quarta-feira, 24 de agosto de 2016

O tokusatsu está caducando no Brasil enquanto evolui nos EUA

Com exibição legendada, Kikaider teve um sucesso equivalente ao de Jaspion no Havaí

Se você fala ou ouve sobre tokusatsu no Brasil, automaticamente vem à mente séries da geração Manchete como Jaspion, Changeman, Jiraiya, etc. Tudo bem que são referências de um grande fenômeno que marcou época no final dos anos 80 para o início dos anos 90 (sem contar que tivemos uma geração reprise que acompanhou algumas dessas séries na Record e na CNT/Gazeta antes da virada do milênio). É inegável a predominância de Jaspion e cia nos eventos e papos de roda. Fora que Kamen Rider e Super Sentai são bem populares em nosso nicho local há cerca de 10 anos.

Se você parar pra prestar atenção vai reparar que tokusatsu no Brasil se resume basicamente apenas à era Manchete e às duas franquias citadas da Toei Company. E por que as séries Ultra, Kyodai Hero, Godzilla e tantas outras não são tão comentadas entre nós? Sei que tem gente que curte isso por aqui, mas o público que assiste (ou assistiu) é pequeno demais. A impressão é que quem não quer se prender às tendências acaba ficando ilhado. A interatividade pra partilhar o interesse de uma outra série fora da esfera Manchete/Toei com algum outro amigo é quase nula.

O tokusatsu está virando uma coisa velha no Brasil (ou se já era) por vários fatores. Não houve uma formação de novos fãs de Ultraman e Spectreman, por exemplo, como houve com a geração que cresceu assistindo o nosso querido Ginga no Tarzan. Faltou uma entrega de bastão para a geração seguinte curtir, não esquecer e valorizar tais títulos. Também tem aquele nosso velho impasse em doutrinar para a nova geração que cresceu ser ver ou assistiu alguma série isoladamente.

Enfim, o tokusatsu está caducando a cada dia no Brasil por não renovar público. Não é questão de gosto, pois tem a ver mesmo com cultura. Nos EUA o estilo é praticamente voltado para o nicho específico. E não pense que tudo começou com Power Rangers na terra do Tio Sam. Isso não é verdade. Lá também o tokusatsu tem sua própria história (que começou com a adaptação do primeiro filme do Godzilla). Não teve um grande boom, mas é mais rentável hoje em dia do que aqui mesmo no Brasil. É só pesquisar o que tem sido lançado em home-video nos últimos anos e o que rola atualmente via streaming no país.

Eu disse que não teve um boom (além de Power Rangers)? Então, no Havaí já foram exibidas séries na década de 70 como Gorenger, Battle Fever J, Kamen Rider V3, Inazuman, Rainbowman, etc. Agora, o cult da ilha é Kikaider. Quer mais? Essas citadas foram exibidas com áudio original e legendas. Um luxo para a época -- e não tinha esse mimimi todo por falta de dublagem como aqui no Brasil. Algumas outras séries tokusatsu foram exibidas com dublagem, mas isso são outros quinhentos.

Daí a gente percebe que os fãs norte-americanos estão num patamar mais elevado que o nosso e numa situação bem melhor. Infelizmente o saudosismo, o "viuvamento" pela Manchete e a redoma sobre Rider/Sentai são problemas críticos entre o público brasileiro. O problema em si não são as séries nem quem curte (também me incluo), e sim a exclusividade dada a estas por boa parte da nossa tokunet. Isso porque retrai a atenção do público para a busca de outras séries, além do perigo de retardação do mercado. Por isso que a divulgação de tokusatsu fica cada vez mais difícil e cai como algo desconhecido para os leigos. Outro problema são as fansubs brasileiras que fazem totalmente o inverso de suas co-irmãs gringas. Nos EUA o incetivo por novos títulos e relançamentos muito maior. Ah, sem contar que as fansubs de lá deletam materiais de uma determinada série que vai ser lançada. De fazer inveja a quem realmente sonha em ver o quadro mudar no Brasil. A cultura americana é outra.

Não estou dizendo que você deve abandonar o que ficou nos tempos de infância para ver algo inédito. Vamos curtir Jaspion e cia, Rider e Sentai. Ok. Então que tal experimentar outras tramas (clássicas e recentes)? Tenho certeza que é uma boa iniciativa e essa pequena boa vontade pode ajudar a divulgar ainda mais o tokusatsu. Hoje em dia não dá mais pra parar apenas no "museu" e a acessibilidade está avançando cada vez mais.

O tokusatsu no Brasil precisa acompanhar esse avanço, como tantos outros segmentos da cultura pop, pra não cair num retrocesso fatal.

3 comentários:

  1. O "azar" da Família Ultra, Godzilla e dos Kyodais Heros foi não terem tido praticamente nenhuma visibilidade na Era Manchete, o que retardou o surgimento de novos fãs desses gêneros.

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  2. Teve exibiçao sim porem tímida ,acontecia as sete da noite ja na era Rede TV .porem ja viu. Durou ate criarem o "TV lama" ....

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  3. Job, a RedeTV! exibiu apenas Ryukendo. Já o TV Fama (ou "TV Lama") existe desde a inaugração do canal.

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