domingo, 6 de abril de 2014

Noé


Uma das produções cinematográficas que estaria sendo aguardada para 2014 é o filme Noé. Lançado nesta quinta-feira (3) nos cinemas brasileiros. Hoje pude acompanhar o longa, que veio a ser procurado principalmente por religiosos de várias denominações cristãs.

[SPOILERS]

Se você esperava um filme que fosse melhor que A Arca de Noé (produção de 1999 e estrelada por Jon Voight), vá se preparando para levar bons sustos e ficar de boca aberta. O filme tem poucas referências bíblicas, muita fantasia e um dramalhão medonho de dar sono. Quem acompanha longas inspirados em livros da atualidade fugindo de seus contextos originais, verá bastantes religiosos dizerem -- com toda a razão -- que isto ou aquilo "não está/acontece no livro"! Aliás, um cristão pode até sair decepcionado da sala de cinema depois de assistir uma história descontextualizada da Bíblia Sagrada.

O que se esperava de um filme que pudesse ter, pelo menos, mais de 50% de fidelidade às Sagradas Escrituras (pelo menos o trailer dava a entender isso), acabou se tornando um blockbuster qualquer. Ou até algo comparado à franquia O Senhor dos Anéis, por exemplo. No início, Noé tem sonhos que são revelações do Criador (é apenas assim como Deus é chamado). Um aviso de que Ele mandaria um dilúvio para a Terra.

O filme começa a perder o foco logo na primeira meia-hora da história quando aparecem Gigantes de Pedra. (!) Os tais seriam criaturas do Senhor que desceram ao nosso planeta por desobediência. Estes foram braço direito de Matusalém, o avô Noé, e passam a auxiliá-lo na construção da grande arca.

Daí, vários fillers aparecem na trama, descaracterizando totalmente o rumo situado no livro de Gênesis (mais precisamente entre os capítulos 6 e 10). O foco da perversão humana foi algo maquiado. Havia menção do pecado entre a humanidade. Porém, a perseguição contra a arca teria sido um problema no desenrolar. Isso sem contar com dramas paralelos que foram acima do enfadonho. Ah, os animais na arca são pontos ofuscados nesta versão.

É de se tirar o chapéu que a produção tenha ótimos efeitos especiais. Atores consagrados de Hollywood como Russell Crowe (como Noé), Anthony Hopkins (Matusalém), além de Emma Watson (Ila) e Logan Lerman (Cam), respectivamente das franquias Harry Potter e Percy Jackson. Mas toda a fuga e incoerência da realidade foi fatal. Noé tem o pior desfecho que um filme bíblico poderia ter. Nem ouso a descrever, pois é algo que vale ser visto pessoalmente. Algo que fez com que o herói da fé passasse de homem íntegro para um "vilão" momentâneo.

Certamente, dentre vários filmes bíblicos, todos os que destorceram partes da linhagem são "água com açúcar" na frente de Noé. O longa foi a PIOR trolagem do gênero e até mesmo da história do cinema de todos os tempos. Totalmente dispensável e um "mal" que deveria ser varrido numa interrupta chuva torrencial de quarenta dias.

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